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Para falar sobre resistência insulínica, antes precisamos entender como funciona a relação entre a glicose e a insulina. A glicose é o principal combustível das nossas células. Ela é obtida pela alimentação, quando comemos carboidratos.

O que são os carboidratos?

Carboidratos são formados pela junção de várias moléculas de açúcar. Açúcar aqui não é aquele pozinho doce, mas sim o nome dado a estrutura formada por átomos de carbono (carbo), hidrogênio (hidrato) e oxigênio, representados principalmente pela glicose, frutose e galactose. Alguns exemplos de alimentos ricos em carboidrato são: batata, arroz, massas, pão e doces.

Como o carboidrato se transforma em glicose?

Quando comemos um alimento com carboidrato, esse é quebrado por nossas enzimas digestivas e transformado em várias moléculas de glicose. Ela é facilmente absorvida pelo nosso intestino, como se escorregasse do intestino para o sangue.

Como a glicose vai do sangue para dentro das células?

O aumento da concentração sanguínea de glicose manda um sinal para o pâncreas produzir e liberar a insulina. Ela é hormônio responsável por colocar a glicose do sangue para dentro das células.

Imagine que a célula é uma casa, e a glicose é uma pessoa tentando entrar nessa casa. Para entrar, ela precisa destrancar a porta da casa. A chave para destrancar a porta seria a insulina, e a fechadura da porta seria o receptor de insulina. Quando a porta é destrancada, a pessoa entrará na casa passando pela porta, que, no caso do nosso corpo, seria a glicose entrando na célula pelo seu canal transportador, chamado GLUT4. Abaixo coloquei duas imagens para ajudar a entender esse mecanismo:

Portanto, para a glicose passar do sangue para dentro da célula, primeiramente a insulina deve se ligar ao seu receptor, resultando na abertura do GLUT4. Essa abertura permitirá a entrada da glicose.

O que é a resistência insulínica?

A resistência insulínica é como se a porta tivesse muitas fechaduras trancadas a serem abertas pela insulina. Portanto, se for destrancada apenas uma das fechaduras, a porta ainda não abre. Para abrir, ela precisa destrancar todas suas fechaduras.

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A resistência insulínica é quando nossa célula precisa de uma quantidade maior de insulina para fazer a glicose entrar na célula.

 

A definição clássica da síndrome dos ovários policísticos é a mulher que tenha dois dos três sinais a seguir:

  • Menstruação irregular
  • Ovários com características micropolicísticas ao ultrassom
  • Aumento da produção de hormônio masculino

O que significa cada uma dessas coisas?

A menstruação é entendida como irregular quando a mulher tem um intervalo entre uma menstruação e outra maior que 35 dias. Ou seja, a partir do primeiro dia de sangramento de um ciclo, até o primeiro dia de sangramento do próximo ciclo, se passam mais do que 35 dias. O ciclo normal, tido como regular, é aquele que o intervalo é entre 25 e 34 dias. Para entender melhor o ciclo menstrual, leia o texto “entendendo seu ciclo menstrual”.

Quando isso acontece, existe uma forte suspeita que a mulher não esteja conseguindo ter sua ovulação. Isso porque é a ovulação quem regula o ciclo, fazendo acontecer a produção de progesterona e, 14 dias depois, a menstruação.

Se a mulher não ovula, o que acontece com os hormônios?

Quando a mulher não ovula, ela produz apenas os hormônios da primeira fase do ciclo menstrual, a fase folicular. A produção de estrogênio se mantém baixa e contínua. Dessa forma, ele vai aumentar a produção do LH e diminuir a do FSH.

O FSH é responsável por estimular o amadurecimentos dos folículos dos óvulos. Se ele fica baixo, ele não consegue concluir esse processo, e assim, a mulher acaba tendo vários folículos pequenos, sem que nenhum consiga crescer e ovular. Por isso a característica micropolicística ao exame de ultrassom.

Obs: Micro = pequeno; cisto = saco fechado com conteúdo líquido.

Abaixo coloquei uma imagem de um ovário normal (direita) e ao lado, um ovário micropolicístico (esquerda).

Abaixo repeti essas imagens com legenda.

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O ovário é visto como uma imagem circular de cor cinza um pouco mais escura. A esquerda, dentro dele, vemos os folículos, que são bolinhas pretas. A direita, ovário é praticamente todo cheio de bolinhas pretas dentro dele. Esses são os micropolicistos, que na verdade são vários folículos que não conseguem progredir no amadurecimento dos óvulos.

Outra consequência da falta de ovulação é que o estrogênio mantém o LH mais alto e constante. O LH atua diretamente nas células do ovário para que elas produzam hormônios masculinos como a testosterona. Se ele está o tempo inteiro mandando essa informação para os ovários, a mulher acaba tendo uma produção excessiva desses e tendo sintomas como:

  • Crescimento de pelos em locais tipicamente masculinos: face (barba e bigode), braços (mais na parte de cima dos braços, perto dos ombros), peito, barriga, costas, nádegas e raiz das coxas.
  • Aumento de oleosidade da pele e acne
  • Perda de cabelo na região da testa e/ou no topo da cabeça

Para concluir, portanto, dizemos que uma mulher tem a síndrome dos ovários policísticos quando ela apresenta duas dessas três características: menstruação irregular, ovários micropolicístico ao ultrassom, sintomas de aumento de hormônio masculino.

 

 

O ciclo menstrual é um termômetro da saúde da mulher. Os hormônios envolvidos nele dependem de um ambiente equilibrado para funcionarem adequadamente. Existe uma série de doenças nas quais a primeira manifestação é a desregularização da menstruação.

O ciclo menstrual compreende o intervalo entre o primeiro dia de sangramento de uma menstruação e até o primeiro dia de sangramento da próxima.  É dividido em 3 partes: a fase folicular, que dura em média 14 dias e é quando acontece o amadurecimento do óvulo; a ovulação, quando esse óvulo sai do ovário e vai para as trompas; e a fase lútea, que tem como característica a duração precisa de 14 dias, e é quando, não havendo a fecundação, acontece uma regulação hormonal preparando o corpo para recomeçar o ciclo.

Para a melhor compreensão do ciclo menstrual, temos que observar os hormônios e as suas funções em 2 lugares: ovário e endométrio (camada de dentro do útero).

Representação do útero e ovários:

slide1

FSH (hormônio folículo estimulante)

Esse hormônio é produzido no cérebro, numa região chamada hipófise, liberado na corrente sanguínea e, quando chega aos ovários, estimula esses a produzir estrogênio através dos folículos.

Ilustração do ovário na fase folicular:

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Está vendo essas bolinhas cinzas dentro do ovário? Esses são os folículos, bolsas cheias de água e hormônios que trazem, cada um, um óvulo imaturo, ou seja, que ainda não está pronto para ovular.

O FSH vai atuar nesses folículos, estimulando seu crescimento e amadurecimento junto ao óvulo que traz em seu interior. Apenas um folículo atingirá a maturidade de fato, os demais morrerão e serão reabsorvidos pelo corpo.

Estrogênio:

Quando o estrogênio é estimulado, ele manda um sinal para o cérebro fazer duas coisas: aumentar a produção do LH e diminuir do FSH. Isso faz com que apenas o folículo que responde melhor ao FSH continue o desenvolvimento. Ainda é papel do estrogênio espessar o endométrio.

LH (hormônio luteinizante)

O LH é produzido no cérebro (na hipófise), estimulado pelo aumento de estrogênio no final da fase folicular. Ele é o responsável pela ovulação. Após isso, esse hormônio estimula o ovário a produzir progesterona através do corpo lúteo, que é o folículo que chegou ao final do processo de amadurecimento.

Progesterona

A progesterona é produzida pelo corpo lúteo, por isso, sua produção só ocorrerá caso a mulher ovule. É papel desse hormônio transformar as paredes endométrio de forma à melhorar a aderência do embrião caso haja uma fecundação (encontro do óvulo com o espermatozóide).

Ainda é função da progesterona diminuir a produção do LH. Como esse é o responsável pela manutenção do corpo lúteo, quando o LH diminui, há uma queda da produção hormonal ovariana.

Esse é o fim do ciclo menstrual, e início de mais uma menstruação.

Para facilitar a compreensão dessa interação hormonal que acabamos de ver, observe o gráfico abaixo:

Gráfico Ciclo menstrual:

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O primeiro hormônio a aumentar na fase folicular é o FSH. Na segunda linha, há o esquema do folículo que vai completar o processo de maturação desencadeado por ele.

O estrogênio, na fase folicular, resulta nas seguintes modificações: na primeira linha há a diminuição do FSH e ao aumento do LH; na terceira, há o engrossamento do endométrio.

A ovulação, mostrada na segunda linha, acontece juntamente com o pico do LH.

A progesterona é produzida na fase lútea.

As imagens de ultrassom a seguir mostram como o corpo da mulher responde a essas alterações hormonais que acabamos de aprender.

Imagem de ultrassom do ovário na fase folicular:

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A imagem do ovário é reconhecida no ultrassom como uma circunferência de cor cinza escuro. Os folículos são as bolinhas pretas dentro da circunferência.

Imagem de ultrassom do ovário na ovulação:

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O folículo pré-ovulatório é maior que os imaturos, medindo em média 20mm de diâmetro.

Imagem de ultrassom do ovário na fase lútea:

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A imagem do corpo lúteo lembra uma bola murcha.

Imagem de ultrassom do útero e endométrio fase folicular:

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O útero é visto com um formato de pêra, em tom mais escuro de cinza. Dentro dele está o endométrio. Ao fim da menstruação, ele está fino e aparece como uma linha branca.

Imagem de ultrassom do útero e endométrio na ovulação:

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Na ovulação o endométrio fica com uma cor cinza escuro, e seus limites aparecem como linhas brancas. Essa imagem é conhecida como endométrio trilaminar.

Imagem de ultrassom do útero e endométrio na fase lútea:

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Nessa fase o endométrio, que sofre modificações estruturais por ação da progesterona, aparece de cor cinza bem claro.

Para finalizar, agora que você consegue entender essas imagens de ultrassom, observe-as  juntas. Desta forma, fica mais fácil entender a sequência  de alterações que ocorrem em cada fase do ciclo menstrual.

Imagens de ultrassom de ovário e útero:

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A trombose é o nome que se dá quando o sangue coagula dentro do vaso sanguíneo, talha dentro do vaso, e assim, entope-o e impede a passagem de sangue naquele lugar. É a manifestação de que alguma coisa, naquela hora e naquele local, aconteceu de errado. Mas o que pode acontecer de errado?

O sangue fica no seu estado líquido apenas quando ele está em movimento. Se ele para, a tendência é coagular, talhar, virar sólido. Isso por que, no sangue, existem umas coisas chamadas plaquetas, que quando encostam umas nas outras, têm a tendência de se grudar. Se o sangue está correndo nas veias normalmente, sem nenhum obstáculo, a tendência é que todas as células permaneçam no seu caminho reto. Se aparece um obstáculo no caminho, ao invés do sangue permanecer indo reto, ele “tropeça” , chacoalha. Resultado: as plaquetas se trombam, e aumenta a chance delas grudarem umas nas outras e resultar numa trombose.

Abaixo temos um esquema do sangue encontrando um obstáculo em sua passagem:

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E o que eu sinto se tiver uma trombose?

O sangue não passa mais pelo vaso sanguíneo naquela região, e portanto não leva mais oxigênio para aquela parte. Quando isso acontece, as células que deveriam receber aquele oxigênio para viver começam a morrer, e isso dá muita dor. Também pode acabar inchando a região, principalmente se for nas pernas.

Abaixo temos um esquema do sangue e do vaso sanguíneo primeiro normal, e depois com uma trombose:

 

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Existem algumas causas para que a trombose possa acontecer, que se dividem em 3 principais categorias:

1- Aconteceu algum machucado na parede do seu vaso sanguíneo (artéria ou veia), local esse apontado na figura acima como revestimento do vaso.

Quando houve o machucado (causado por exemplo por um aumento de pressão arterial, por um pico de glicose no sangue, ou por um trauma), essa alteração fez com que vc mandasse seu corpo cicatrizar aquela região. Quando vc foi cicatrizar a parede do seu vaso sanguíneo, o processo de cicatrização, acontecendo em contato direto com seu sangue (afinal, foi lá na passagem dele que aconteceu o machucado) acabou estimulando o sangue a coagular para fazer a “casquinha” do vaso sanguíneo. Se esse coágulo for grande demais e acabar bloqueando toda a passagem do sangue, e acontece a trombose.

Um exemplo de uma situação assim são os infartos fulminantes.

2- O sangue ficou parado muito tempo no mesmo lugar e acabou coagulando.

O sangue precisa estar em movimento para permanecer no estado líquido. Se ele para, acontecem umas reações químicas que o estimulam a coagular. Por isso, se existe um problema de má circulação, aumenta a chance de ter a trombose.

Exemplos de problema de má circulação são varizes mais graves e profundas, ou uma pessoa que está acamada.

3- Você tem um problema que faz seu sangue coagular mais do que deveria.

Alguma coisa acontece no seu sangue que faz com que ele coagule em resposta a estímulos que normalmente não deveriam fazer com que ele simplesmente talhasse. E algum estímulo pequeno aconteceu, e o coágulo se formou.

Um exemplo dessa situação é a menina que teve trombose enquanto toma pílula anticoncepcional, sem nenhum outro fator que tenha contribuído para ela ter a trombose. A pílula realmente aumenta um pouco a tendência do sangue a coagular. Porém, numa mulher que não tem nenhuma outra alteração no sangue, a chance de ela fazer uma trombose é muito pequena. Por isso, se teve uma trombose usando a pílula, e não houve nenhum dos fatores acima descritos, provavelmente tem alguma outra coisa além da pílula que resultou na formação dessa trombose.

Para falar especificamente sobre essas alterações, vou fazer outro texto, senão esse acaba ficando muito longo  😉

 

Uma amiga minha uma vez me disse: se o trabalho de parto fosse uma coisa fácil, não se chamaria “trabalho” de parto, apenas parto! É um momento no qual não se tem uma previsão ao certo de quando vai acabar, afinal, seu tempo de duração varia muito entre uma mulher e outra. Se a grávida não souber o que esperar durante ele e como fazer para ajudá-lo a ser o melhor possível, pode acabar se descontrolando e se rendendo a uma ansiedade extrema. Isso é muito ruim para ela, pois além de ser uma sensação de perda do autocontrole, essa liberação de adrenalina atrapalha as contrações do útero, e pode prolongar o tempo de trabalho de parto. Já com as mais calmas e colaborativas, ele progride, evolui melhor. Portanto, meu objetivo nesse post é ensinar alguns exercícios para vocês irem treinando para a hora H.

A primeira coisa é a respiração: durante as contrações, o mais importante é se concentrar na respiração. É ela que leva oxigênio para o neném, e quanto mais oxigênio o útero recebe, mais rápido as contrações melhorarão. Nesses momentos, a grávida deve respirar lentamente pelo nariz e soltar pela boca, enchendo fundo o peito de ar, e soltando lentamente. Se der tontura, é porque a respiração está muito rápida e ,portanto, você deve respirar mais devagar ainda.

As melhores posições para a gestante durante o trabalho de parto são aquelas que abrem a bacia, facilitando a descida do neném pelo canal de parto: com as pernas bem abertas, e o tronco inclinado para frente.

Enquanto a grávida se apóia em algum suporte pela frente, seu acompanhante deve fazer massagem nos seus músculos lombares, que costumam ficar tensos juntos com as contrações. Esses são os músculos que ficam na região mais baixa das costas, logo acima do bumbum, um de cada lado da coluna. A massagem deve ser feita com as duas mãos, com uma compressão firme da musculatura (não é para ficar fazendo “carinho”, fraquinho, pois assim não ajuda!), em movimentos circulares. Ela deve ser feita no terceiro trimestre, assim vocês já treinam para a hora do parto, e ainda alivia aquela dor nas costas característica do final da gravidez.

Para finalizar, é importante lembrar que a gestante também pode e deve caminhar durante o trabalho de parto. A força da gravidade também costuma ajudar muito o neném a descer. Desta forma, o que eu não recomendo para esse momento é ficar deitada: é a pior posição possível, que menos contribui para sua progressão. Imagine uma mulher deitada, com as pernas fechadas. A força da gravidade não contribui e o espaço que o neném tem para descer e nascer fica muito menor. Portanto, quando chegar à sua vez, lembre dessas dicas, assim você mesma pode contribuir para seu trabalho de parto, fazendo dele o melhor momento possível!

Quantas mulheres não recebem o resultado de seu exame preventivo e se assustam com essa palavra: inflamação!!! Acreditam que ela tem tudo a ver com aquela coceirinha chata, ou com aquele corrimento que vira e mexe volta a incomodar. Mas isso não é verdade e, portanto, resolvi escrever esse texto para tentar deixar claro o real significado desse resultado.

Antes de falar sobre o papanicolau, quero explicar o que significa o termo inflamação. No corpo humano, a resposta inflamatória, ou seja, a inflamação tem uma série de funções. A função mais conhecida dela é a de ativar, estimular o sistema imunológico (sistema de defesa do corpo contra doenças) quando o corpo é invadido por algum bicho oportunista. Por esse motivo, quando as pessoas escutam esse termo, imediatamente o associam a uma infecção. A infecção é sinônimo de um problema causado por algum bicho oportunista (bactérias, vírus, etc.). Porém, outra função importante da inflamação é atuar no processo de cicatrização do corpo. A cicatrização só ocorre quando há uma resposta inflamatória no local da lesão, e é essa resposta que resulta na produção da “nova pele” que recobrirá o local machucado.

Existem diversas causas que estimulam a inflamação na vagina. Aqui comentarei sobre duas, que são as mais freqüentes. A primeira é que, quando a mulher tem relação sexual, o atrito entre o pênis e a vagina causa micro-lesões, micro-fissuras. Para cicatrizar esses mini-machucados, há a inflamação. O outro motivo é hormonal: a progesterona, hormônio que aumenta na segunda fase do ciclo menstrual (vide o texto ciclo menstrual) deixa a mucosa da vagina mais fina, mais delicada. Isso, juntamente com outros mecanismos de regulação da flora vaginal, resulta numa inflamação local. É importante enfatizar que essa inflamação na vagina, causada por esses fatores naturais que mencionei acima, não dão sintomas irritativos. Faz parte do funcionamento natural da vagina, e por isso não necessitam de tratamento.

O papanicolau, como já expliquei no outro texto (papanicolau e corrimento) é um exame que tem como objetivo detectar alterações celulares no colo do útero que indicam a infecção ativa pelo vírus do HPV. Essa alteração, se não tratada e acompanhada adequadamente, pode evoluir para câncer. Por outro lado, se essa alteração for tratada adequadamente e a mulher fizer um seguimento anual com o papanicolau, a chance de evoluir para câncer é mínima, praticamente nula. Daí vem a enorme importância do papanicolau na manutenção da saúde e do bem estar das mulheres. Portanto, quando você receber o resultado de seu exame preventivo e estiver escrito inflamação, fique feliz, pois isso significa que sua vagina está ótima e seu exame é normal!

Para melhorar a vida sexual da mulher, além das orientações que dei no texto “o mapa da mina do prazer”, existem os exercícios vaginais de Kegel. Para aprender o movimento desse exercício é assim: sabe quando a mulher está urinando e faz aquela força para parar de urinar no meio, antes de terminar? Essa é a contração que deve ser feita nesse exercício, mas não deve ser durante a micção (esse exemplo é apenas para entender o exercício, mas se ficar fazendo toda vez que vai urinar, pode ter problemas posteriores). Outro jeito de saber se está fazendo o exercício corretamente é introduzir seu dedo dentro da vagina e fazer a contração: nesse momento deve-se sentir que ela faz uma pressão no dedo. Se sentir isso, quer dizer que está fazendo o exercício corretamente.

Tendo aprendido o exercício, comece a fazer as séries. Faça uma série de 20 repetições, durando 5 segundos em cada contração. No começo pode ser uma vez por dia até pegar a prática, e depois, duas vezes por dia. É importante avisar que inicialmente será difícil coordenar esse movimento, depois também será difícil manter as contrações por 5 segundos, mas depois de um tempo vai ficando cada vez mais fácil.

Durante as preliminares e no ato sexual, se você fizer esses exercícios, perceberá um aumento da sensibilidade e do prazer, assim permitindo maior satisfação no sexo. Vale sempre lembrar que a sexualidade da mulher e seu prazer não dependem apenas dos toques e estímulos, mas também do seu estado psicológico. Tudo conta: seu relacionamento com o parceiro, sua capacidade de se entregar completamente às suas sensações, a confiança e intimidade do casal, como anda sua vida pessoal (emprego, família, amigos, etc).

Portanto, esse exercício é um artifício a mais que você pode usar para melhorar sua vida sexual, mas não é a forma definitiva. Para se ter uma vida sexual prazerosa, a mulher tem que estar bem consigo mesma e com seu parceiro, além de conhecer muito bem seu próprio corpo e saber usá-lo da melhor forma possível para conseguir chegar à lua! E sempre caprichar MUITO nas preliminares antes da penetração, pois as mulheres demoram mais que os homens para ter sua excitação, e essa diferença de tempo só pode ser compensada com preliminares gostosas e caprichadas!

O Papanicolau é um exame no qual são coletadas células do colo do útero, colocadas numa lâmina e vistas posteriormente no microscópio. O objetivo desse exame é detectar alterações nessas células que são sugestivas de infecção pelo vírus do HPV (Papilomavírus humano). Essa infecção, se não for tratada adequadamente, causa o câncer de colo de útero. Por isso o Papanicolau é tão importante, pois detecta essas primeiras alterações, permitindo assim o tratamento precoce e evitando um desfecho tão grave e maléfico.

Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, esse exame não tem como objetivo fazer diagnóstico de corrimento, mas sim dessas lesões causadas pelo HPV. A presença de um corrimento ou de uma infecção no momento do exame prejudica sua leitura, não permitindo que o patologista (médico que avalia esse exame e dá seu laudo, seu resultado) faça uma avaliação adequada da amostra.

Quando é encontrada a presença de Cândida ou Gardnerella nessa lâmina, não há porque se preocupar. Esses bichos participam da flora vaginal (compõe naturalmente o ambiente da vagina, “vivem”, “moram” lá). Desta forma, se na hora da coleta um deles for pego junto e colocado na lâmina, não significa que seu crescimento esteja aumentado e que ele precisa ser eliminado, tratado. Só há a necessidade de tratá-los caso a paciente apresente sintomas relacionados a esses bichos. Caso contrário, não tem porque ficar usando cremes e remédios sem necessidade (exceto na gravidez).

O exame da sorologia tem por objetivo dosar dois tipos de moléculas: a IgM e a IgG. A IgM é a molécula que é formada rapidamente no corpo logo após o primeiro contato dele com um bicho (qualquer bicho). É através dessa molécula, formada perfeitamente para aquele determinado bicho, que o corpo organiza o ataque inicial para combater essa determinada infecção. Essa molécula tem como característica ter uma vida curta, assim não durando muito tempo no corpo.

A IgG é uma molécula que demora mais tempo para ser formada, e ela é responsável pelo impedimento da re-infecção por aquele determinado bicho. Ela funciona como soldados especializados no reconhecimento e combate daquele bicho específico, desta forma impedindo que ele cause uma nova infecção, caso entre em contato com o corpo num outro momento.

Existem muitas doenças cujo diagnóstico não é feito pela pesquisa do bicho em si, mas pela pesquisa da presença ou ausência das células que o corpo produz responsáveis pelo combate dessa doença. Esse exame é chamado de sorologia.

Como entender o resultado do exame?

  • IgM negativo (não reagente) e IgG positivo (reagente): imune: você já entrou em contato com esse bicho, e já criou defesa contra ele. Portanto, você não tem mais que se preocupar com esse problema.
  • IgM positivo (reagente) e IgG negativo (não reagente): infecção aguda: você está com uma infecção por esse bicho, ou seja, você está entrando em contato com ele pela primeira vez. Converse com seu obstetra sobre quais medidas devem ser tomadas.
  • IgM e IgG positivos (reagente): indeterminado: não é possível saber há quanto tempo você entrou em contato com esse bicho pela primeira vez. Pode ser há pouco tempo, ou há muito tempo. Converse com seu obstetra sobre quais medidas devem ser tomadas.
  • IgM e IgG negativos (não reagente): susceptível: você nunca entrou em contato com esse bicho. Portanto, deve se prevenir para que esse contato não ocorra pela primeira vez durante a gravidez.

A resistência de qualquer microorganismo a um determinado remédio ocorre da seguinte forma: você tem uma infecção e toma o remédio para combatê-la. Aí ela volta e você toma o mesmo remédio, ou algum outro semelhante que tenha o mesmo princípio ativo (a mesma arma feita para acabar com esse bicho). Após alguns ciclos de tratamentos (muitas vezes mais curtos do que deveriam ser!), você começa a perceber que ele é cada vez menos eficaz, e que sua infecção não está mais melhorando como antes. O que aconteceu?

Uma das principais causas de resistência a um remédio é seu uso inapropriado e sem indicação. As pessoas que se automedicam, ou mesmo as que tomam algum remédio prescrito pelo seu médico, mas de forma incorreta (esquecem de tomar o remédio na hora certa, tomam por menos dias do que foi prescrito, etc), acabam selecionando os microorganismos que são mais resistentes a essa medicação. Quando você usa um antibiótico, ele acaba com os “bichos”, porém pode sobrar algum que seja resistente a ele (não morra com ele) por uma proteção genética (é um “super-bicho”). Então, esse “super-bicho” que restou acaba se reproduzindo, formando uma população de “super-bichos”, que não serão eliminados se você continuar usando o mesmo tratamento.

Para acabar com essa população de “super-bichos”, você precisa realizar um acompanhamento com um ginecologista, e realizar o tratamento exatamente da forma que ele orientar. Fique preparada para a falha de um ou outro tratamento, pois se sua candidíase já possui certa resistência, algumas medicações poderão não ser potentes o suficiente para eliminá-la.

Você gostou desse texto? Então leia corrimentos


Dra Paula

Olá, sejam bem-vindas ao meu blog!

Antes de mais nada gostaria de me apresentar: sou médica formada pela USP, fiz residência em ginecologia e obstetrícia no Hospital das Clínicas da USP e fiz pós-graduação em Medicina do Esporte na Escola Paulista de Medicina (Cefit). Trabalhei no Hospital das Clínicas como médica responsável pelo ambulatório de Ginecologia do Esporte e na clínica Célula Mater.

Escrevo esse blog pois acredito que a mulher se beneficia muito quando entende seu corpo e o como as doenças atuam nele. Isso contribui com o acompanhamento clínico e o tratamento. A partir do momento que a paciente se torna uma pessoa consciente de seu corpo, ela fica mais ativa junto ao médico na busca pela saúde.
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