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Os sintomas clássicos da candidíase são: corrimento branco parecendo uma “massinha”, umas natas, inchaço na vagina, coceira, vermelhidão, ardência para urinar (porque a pele da vagina está muito sensível, e assim, quando a urina encosta nela, arde), dor na penetração do ato sexual. Se a mulher tem esses sintomas, sem nenhum outro associado, a chance de ela ter candidíase é grande, porém, não é certeza.

A partir do momento que é feita a hipótese diagnóstica de candidíase, inicia-se um tratamento específico para ela. Aí que vem a segunda parte do raciocínio médico: se a paciente tiver uma melhora do quadro com o tratamento, então o diagnóstico é confirmado; se ela não tiver uma melhora, ou o diagnóstico está errado, ou o tratamento não foi eficaz para aquela cândida específica (ela está resistente ao tratamento). E é aí que a novela da irritação vaginal começa para as mulheres.

Quando suspeitar se o que eu tenho não é candidíase?

Em primeiro lugar, se o quadro não é completamente típico, ou seja, não é exatamente como eu descrevi no início do texto. A candidíase não tem cheiro, não tem ferida, e seu corrimento é bem branquinho. Em segundo lugar, se o tratamento que você fez visando acabar com a candidíase não melhorou em nada seus sintomas.

A maioria dos problemas vaginais é acompanhada de algum corrimento e irritação vaginal. Esse é o jeito da vagina dizer que não está bem. Como a candidíase é muito comum, na maioria das vezes ela faz parte do repertório das hipóteses diagnósticas. Mas é importante avaliar a possibilidade da presença de doenças sexualmente transmissíveis (DST), principalmente se a mulher fez práticas sexuais sem proteção recentemente.

As principais DST’s existentes hoje em dia são: HPV (papilomavírus humano), sífilis, gonorréia, tricomoníase, donovanose, herpes genital, cancro mole e infecção por clamídia. A diferença delas para a candidíase (e a Gardnerella) é que elas são causadas por “bichos” que não deveriam habitar a vagina, ou seja, se eles estão lá, é porque você os pegou pela via sexual. Como a presença deles na vagina causa uma doença, seu tratamento adequado é obrigatório.

Portanto, se você tem sintomas que não se encaixam perfeitamente no quadro de candidíase, e seu médico lhe receitou um tratamento para candidíase que não está melhorando nada, você deve voltar a vê-lo. A paciente tem uma responsabilidade muito grande em permitir a continuação do raciocínio médico, e ela o faz voltando ao médico para lhe contar que o tratamento não deu certo. Desta forma, o médico avança em seu raciocínio abrindo um leque de outras possibilidades que possam justificar sua queixa. Como a principal hipótese que ele tinha em mente não foi confirmada, ele provavelmente investigará as outras hipóteses com novos exames e tratamentos, até que se tenha uma conclusão desse enigma.

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Como percebi um padrão semelhante nas perguntas de todas vocês, e que suas dúvidas são decorrentes da falta de alguns conceitos sobre a ginecologia, resolvi escrever novos textos tentando abranger todos os temas levantados nas perguntas que recebi. Acredito que no fundo, todas vocês têm as mesmas curiosidades, e cada uma as expressa pelo ponto que mais as incomoda.

Uma coisa que vocês podem perceber é que o objetivo dos meus textos é ensinar a mulher a se entender, para desta forma poder cuidar melhor dela mesma. Mas é impossível para qualquer mulher se auto avaliar quando existe algum problema em sua vagina. A vagina é um órgão secreto, escondido. Ela é voltada para dentro, e só pode ser examinada adequadamente com a ajuda dos instrumentos ginecológicos. Por isso o ginecologista deve ser presente na vida de toda mulher, pois apenas ele pode ver, examinar e sentir essa vagina para poder chegar a uma conclusão.

Sem dúvida que os sintomas e incômodos que a mulher sente são imprescindíveis para se chegar ao diagnóstico mais adequado. Mas nem tudo que coça, arde e incomoda, e vem acompanhado de corrimento é candidíase. Se a medicina fosse tão fácil assim, e tivesse um remedinho mágico que conseguisse acabar com esse incômodo tão freqüente sentido pelas mulheres, a candidíase e seus diagnósticos diferenciais (que são as outras doenças ou alterações vaginais que se comportam parecidas com a candidíase) já teriam sido resolvidas, curadas. E é exatamente o oposto que acontece!

Como é possível acabar com esses incômodos?

Quero esclarecer um conceito médico que acredito que poucos pacientes saibam: em medicina, o diagnóstico final, a origem de todo aquele incômodo, não é esclarecida logo no início. O que acontece no raciocínio médico são as hipóteses diagnósticas, ou seja, nós avaliamos a paciente com sua história, examinamos a procura de alterações que justifiquem as queixas, e a partir daí fazemos suposições em nossa mente que possam explicar e englobar os sintomas que estão acontecendo com aquela mulher. A partir daí começa toda a investigação diagnóstica, que pode variar desde a indicação de um tratamento para a minha hipótese, até outras pesquisas com exames adicionais.

Dependendo do resultado desses exames, e se a paciente melhorou ou não com o tratamento que a receitei, que essa hipótese é confirmada ou afastada. Aí eu também levanto outra importância na investigação dessa mulher: ela não deve apenas se consultar uma vez, mas sim manter um acompanhamento para que seu problema consiga ter uma solução adequada. Se o tratamento falhar, não significa uma derrota. Indica que aquela hipótese pode ser excluída da lista, e que a investigação deve prosseguir, com novos tratamentos e novos exames.

Se o tratamento acabar com os sintomas, curar o problema, também não significa que esse tratamento sempre resolverá. Se ela voltar a ter o mesmo quadro, não pode repetir o mesmo tratamento sem se consultar antes com seu ginecologista. Esse costume das mulheres usarem remédios sem indicação médica pode ser muito mais prejudicial do que imagina.

Quais podem ser as conseqüências da auto-medicação?

Imagine uma situação típica, daquela mulher que começa a ter uma irritação na vagina, e ouviu falar que o creme “X” e o remédio “Y” resolveram tudo na sua amiga. Aí ela usa essa medicação, e tem uma melhora dos seus sintomas por um tempo, porém eles retornam. Ela pensa “vou usar novamente aquela receita mágica”, e assim isso vai se repetindo. Com o passar do tempo, ela percebe que as características do corrimento e da irritação mudam um pouco, e se tornam cada vez mais freqüentes. Os remédios que antes resolviam tudo, agora resolvem só uma parte. Porque isso está acontecendo?

Por alguns motivos (que enumerarei nesse texto, e os explicarei em novos posts, separadamente): a causa da irritação pode ser outra, e a medicação está completamente inadequada (importância dos diagnósticos diferenciais, da avaliação de outras causas que possam explicar o que está acontecendo com a mulher); a causa da irritação pode ser a mesma, mas você já usou esse remédio tantas vezes que os bichos que sobraram na sua vagina não são mais atingidos por essa medicação (o que é chamado de resistência); o uso dessa medicação matou alguns bichos que são responsáveis pela flora vaginal, pelo ambiente da sua vagina, e esse desbalanço deixou você mais susceptível a outras infecções (alteração da flora vaginal); ou que você na verdade está com uma queda da sua imunidade, do seu sistema de defesa contra doenças, e essas infecções são a ponta do iceberg de um problema maior (manifestações vaginais recorrentes podem indicar uma queda da imunidade).

Por todas essas razões, e por tantas outras que ainda pretendo abordar em textos futuros, que volto a insistir: tenha amor a sua vagina, trate-a com carinho e dedicação. Por mais incômoda que seja a consulta ginecológica, ela é sempre a melhor solução para que você tenha sempre uma vagina saudável, e mais do que isso, um corpo saudável! Muitas vezes doenças sistêmicas, ou seja, em outros órgãos, se manifestam com alterações vaginais. Assim, sua vigilância constante pode garantir o diagnóstico precoce de outras doenças, melhorando seu prognóstico, sua evolução.

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O ciclo menstrual é o resultado da interação de uma série de hormônios produzidos na mulher, que interagem entre si. Os hormônios envolvidos nesse processo são produzidos no cérebro (FSH e LH) e nos ovários (estrógeno(E) e progesterona(P)). Os hormônios produzidos no cérebro possuem basicamente a função de regular os hormônios ovarianos, sem outras ações no corpo. Já os ovarianos, além de regular o ciclo menstrual, tem outras ações.

Regulação hormonal:

FSH→estimula→E→estimula→LH→estimula→P

    FSH←inibe←E                             LH←inibe←P

Ações hormonais no útero:

Estrógeno: faz o endométrio (camada de dentro do útero) crescer, ficar espessa.

Progesterona: faz o endométrio ficar estável, firme, e mais irrigado, com mais vasos sanguíneos. Também leva a um aumento das glândulas secretoras, resultando num aumento da secreção vaginal fisiológica (normal).

Ciclo menstrual:

Fase folicular:

Inicia-se no primeiro dia do ciclo: o primeiro dia da menstruação. Nessa fase ocorre um aumento do FSH, que estimula o desenvolvimento de alguns folículos, com conseqüente aumento da sua produção (pelos folículos) de estrógeno.

Os folículos são as estruturas compostas por um “futuro óvulo” (célula que se transforma no óvulo ao ficar madura) rodeado por células produtoras de hormônios, a granulosa. São essas as estruturas que, quando são vistas no ultra-som, podem ser descritas como pequenos cistos.

No início da fase folicular há uma estimulação desses folículos, até que um deles se torne o dominante, ou seja, produz uma quantidade de estrógeno suficiente para inibir a produção de FSH. Quando há essa queda do FSH, os outros folículos que estavam se desenvolvendo “murcham”, e param de amadurecer.

Ovulação:

Esse folículo dominante, ao produzir altas doses de estrógeno, induz uma grande liberação do LH, que é chamada de “pico de LH”. É esse “pico de LH” o responsável pela ovulação, ou seja, se não houver esse “pico de LH”, não há ovulação.

A ovulação é a saída do óvulo de dentro daquela camada de células produtoras de hormônios (que está no ovário), para dentro da tuba uterina, onde espera para ser fecundado por um espermatozóide.

Fase lútea:

Essas células da granulosa, sem esse óvulo dentro, agora se chamam corpo lúteo. O corpo lúteo, quando é visto no ultra-som, pode ser descrito como um cisto simples, e é completamente fisiológico (normal).

Esse corpo lúteo é mantido pelo hormônio LH, e produz predominantemente progesterona. Porém, como a progesterona inibe a produção do LH, ele acaba “murchando” aproximadamente 14 dias após a ovulação. Quando isso ocorre, resulta na menstruação.

 

Após o nascimento do neném tem a última parte: a placenta. Ela normalmente sai em uns 10 a 15 minutos.
Após o final do parto, deve-se sempre estar atenta ao sangramento vaginal, pois às vezes o útero cansa, e fica mais amolecido podendo resultar num sangramento aumentado. Você pode reconhecer isso se perceber que está sangrando mais que um segundo dia de menstruação.
Um ótimo tratamento para esses úteros mais amolecidos é massagem. Ao colocar a mão na barriga depois do parto é fácil perceber o útero: é uma bolinha que ficou na altura do umbigo. Coloque a mão aberta sobre ele e a aperte. Assim irá perceber que conforme vai estimulando o útero, mais duro ele fica. Com isso você pode prevenir sangramentos aumentados. Porém, se mesmo assim ele continuar amolecido, e o sangramento permanecer exagerado, chame alguém da equipe de saúde para poder te examinar e tratar se for necessário, pois essa hemorragia pode colocar sua vida em risco.

A Gardnerella é outro corrimento causado por um bicho que já vive normalmente na vagina, e por isso, não é uma doença sexualmente transmissível. Isso significa que, se você teve ou um dia tiver esse corrimento, não adianta culpar os homens com quem teve relação sexual, pois não foram eles que te passaram isso.

Como que se “pega” esse corrimento?
Pode ser por uma diminuição do seu sistema imune (sistema de defesa do corpo contra doenças), resultante de uma vida desregrada com pouco sono, alimentação ruim, sedentarismo, estresse, etc.
Também pode ser porque por algum motivo o ambiente de sua vagina mudou. Possíveis motivos para essa mudança são:
o O hábito de fazer ducha vaginal (lavar a vagina internamente com água). Isso remove toda flora vaginal (bichos que vivem normalmente na vagina garantindo seu equilíbrio), podendo facilitar a procriação da Gardnerella;
o Uso de antibióticos: além de matar a bactéria para a qual você o usa, também mata algumas bactérias da vagina, assim podendo levar ao desbalanço da flora vaginal

Quais são os sintomas?
• Corrimento esverdeado, normalmente não causa coceira ou irritação na vagina;
• Cheiro muito ruim, muitas vezes comparado a ovo podre, que piora muito quando esse corrimento entra em contato com sangue (ex. menstruação) e sêmen.

Como prevenir que ele volte?
Em primeiro lugar, tratando adequadamente esse corrimento. Se você tiver os sintomas acima descritos, procure um ginecologista para que possa lhe examinar e tratar da melhor forma possível.
Não tenha o hábito de lavar a vagina com água lá dentro. Se você é uma dessas mulheres que não consegue limpar a vagina apenas com o papel, precisa passar uma água, limite-se a limpá-la apenas do lado de fora.
Tenha uma vida mais “light”, não abuse de seus horários, tenha uma alimentação correta e balanceada, enfim, você sabe melhor do que eu o que tem que mudar na sua vida para que ela fique mais regrada.

E para as grávidas, tem algum risco a existência desse corrimento?
Sim!!! Ele é muito correlacionado com trabalho de parto prematuro, falso trabalho de parto e com a bolsa estourar antes da hora. Isso porque ele causa uma irritação no útero, que reage com contrações.
Se você estiver grávida e com esses sintomas, procure imediatamente seu obstetra para que ele possa tomar as devidas providências.

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Antigamente, acreditava-se que a mulher que não sentia uma vontade consciente de sexo (ou seja, que não tem pensamentos objetivos de vontade de transar) tinha uma alteração, uma disfunção da sua sexualidade. Mas depois de muito observar e estudar a sexualidade feminina, foi percebido que é normal ela não ter esses pensamentos constantes na vida dela, e nem por isso ela tem um problema, uma deficiência na sua vida sexual.
A maioria das mulheres sente vontade de transar apenas após ser estimulada, seja pelo toque, por palavras, por cheiros, por algo visual, etc. Após esse estímulo que inicia todo o processo de excitação. Portanto, uma mulher que não é estimulada adequadamente, naturalmente não terá uma boa evolução de sua excitação, assim não conseguindo alcançar uma satisfação sexual.

Mas, como saber como ser estimulada?
Os homens, desde pequenos são ensinados a se tocar e se masturbar, criando um auto-conhecimento amplo antes de iniciar suas relações sexuais. Quando chegam na hora H, eles sabem exatamente o que pedir à parceira para que tenham excitação e prazer.
Já com as mulheres, desde pequenas somos ensinadas a não nos tocarmos, não desencadear estímulos sexuais em nós mesmas, que é inadequado se masturbar. Assim, quando uma menina inicia sua vida sexual, ela não faz idéia de como seu corpo funciona, e o que deve ser feito para que tenha prazer na relação. E muitas permanecem sem se conhecer por muito tempo, e acabam acreditando que não foram feitas para o sexo prazeroso. Mas isso pode não ser verdade!
Por isso, para que a mulher seja adequadamente estimulada na hora da relação, é essencial que ela se conheça. Quando estiver num lugar entre quatro paredes, no banho por exemplo, comece a se tocar. Nos lugares onde perceber que você sente uma “coisa gostosa”, você deve explorar, com movimentos diferentes para sentir como prefere cada jeito do toque. Torne esse momento de auto-conhecimento uma constância em sua vida, para que você saiba como usar seu corpo de uma forma mais gostosa.
Conforme você vai se auto-descobrindo, fica mais fácil guiar seu parceiro, para que ele possa te acariciar do melhor jeito para que você tenha prazer. Se não partir de você esses “ajustes” na hora H, ele pode pensar que está fazendo tudo certo, e portanto não deve mudar nada. Não tenha vergonha de fazer esses ajustes, e não pense que se você os fizer, estará insultando seu parceiro. Os homens se importam em conseguir satisfazer sua mulher, e se ela o ajudar, ele ficará agradecido, e não ofendido!

Porque é necessário fazer o teste de toxoplasmose no início da gravidez?
Pois a toxoplasmose é uma infecção que tem tratamento durante a gestação, tanto para a mãe como para seu neném dentro da barriga. E o diagnóstico só pode ser feito através do exame de sangue, já que essa doença pode aparecer sem dar sintoma nenhum.

Como entender o resultado do exame?
• IgM negativo e IgG positivo (imune): você já entrou em contato com esse bicho, e já criou defesa contra ele. Portanto, você não tem mais que se preocupar com esse problema.
• IgM positivo e IgG negativo (infecção aguda): você está com uma infecção por esse bicho, e precisa iniciar um tratamento contra ele. Além disso, deve-se fazer outros exames para investigar se houve contaminação do seu neném.
• IgM e IgG positivos (indeterminado): não é possível saber a quanto tempo você entrou em contato com esse bicho pela primeira vez. Pode ser há pouco tempo, ou há muito tempo. Para descobrir isso, você deve fazer outros exames.
• IgM e IgG negativos (susceptível): você nunca entrou em contato com esse bicho. Portanto, deve se prevenir para que esse contato não ocorra pela primeira vez durante a gravidez.

Como evitar entrar em contato com a toxoplasmose?
• Comer carnes bem cozidas, fuja das mal-passadas! A mesma recomendação para os ovos, sempre bem cozidos!
• Quando for mexer com carnes cruas, não encostar a mão nos olhos ou na boca antes de lavar bem com água e sabão.
• Lavar muito bem as frutas, verduras e legumes antes de comê-los.
• Evite contato com gatos e tudo que possa estar contaminado com as fezes deles. Porém, se você tiver um gato de estimação, não precisa doá-lo, basta ter alguns cuidados a mais:
 Alimente-os com carne bem cozida;
 Limpe todos os dias o recipiente onde ele deixa suas fezes com água fervendo, sempre usando luvas de borracha;
 O seu gato pode fazer um exame para detectar se ele possui ou não a toxoplasmose, e se for positivo, ele pode fazer o tratamento para curar dessa infecção.
• Use luvas de borracha ao mexer na terra, por exemplo, ao fazer jardinagem;
• Se estiver num lugar onde não saiba exatamente a origem da água que toma, é melhor ferver antes de tomá-la.

Quando repetir o exame de toxoplasmose?
Você só precisa repetir esse exame se for susceptível a ela. Nesse caso, pelo menos uma vez a cada 2 a 3 meses (a cada trimestre), ou quando tiver sintomas como uma gripe com febre alta, gânglios no pescoço (ínguas), e a pele vermelha.

O Citomegalovírus é um vírus cuja infecção só é importante durante a gravidez. Ela é na maioria das vezes assintomática (sem nenhuma manifestação), ou quando se manifesta, é um quadro inespecífico, como uma gripe (febre, mal-estar, íngua no pescoço, dor nas juntas). Porém, se essa infecção ocorre durante a gravidez, ela pode ter consequências graves para o feto (neném dentro da barriga), pricipalmente se ela acontece no primeiro trimestre.

Diagnóstico:
É realizado através da sorologia, que é o exame que procuramos pelos anticorpos anti-CMV (que são as moléculas do corpo feitas especificamente para combater esse vírus).
Existem dois tipos dessas moléculas: a IgM e a IgG. A presença da molécula IgM indica uma infecção mais recente, e da IgG, mais tardia, há mais tempo. Quando existe a coexistência dessas duas moléculas, IgM e IgG positivos, é necessário fazer coleta de exames complementares. Normalmente o exame realizado é teste de avidez do IgG: quanto mais ávida essa molécula estiver, mais antiga é a infecção.

Para saber mais sobre o resultado do seu exame, leia o texto: como entender o resultado do seu exame?

Qual é a taxa de transmissão materno-fetal?
Se a mulher se infecta pela primeira vez durante a gestação, a taxa de transmissão para o neném pode chegar de 30 a 50%. Porém, estima-se que aproximadamente 90% das mulheres brasileiras já entraram em contato com o vírus quando engravidam.

Como esses nenéns evoluem?
Aproximadamente 10% dos nenéns infectados nascem sintomáticos (com seqüelas). Desses, em torno de 30% evoluem para óbito, e dos que sobrevivem, 85% poderão ter problemas como surdez, cegueira, retardo mental e convulsões.
Das crianças que nascem, a princípio, sem sequelas, 10 a 15% poderão desenvolver esses problemas tardiamente, de graus variáveis.
Existe algum tratamento?

Algumas medicações podem ser dadas a esses nenéns infectados, e há estudos demonstrando seu benefício. Porém, quanto antes for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, melhor poderá ser a evolução dessa criança. Daí a importância do diagnóstico durante a gestação.

Além de todo desconforto nos momentos finais de gestação, a grávida ainda tem que agüentar aquele exame chatíssimo! Mas, o que o obstetra tanto sente naqueles toques?

Bacia obstétrica:

Para que haja o parto normal, a grávida deve ter uma bacia por onde seja possível a passagem do neném. Para ter uma idéia se a bacia é boa, tem alguns sinais indiretos que podem ser avaliados:

  • Ângulo subpúbico: é a região logo abaixo do ossinho da frente da bacia, o púbis. Para avaliá-lo, palpa-se a parte anterior da vagina no toque vaginal. Ele deve ter uma angulação de 90º ou mais.
  • Palpação das espinhas isquiáticas: são protuberâncias da bacia que podem ser palpadas no toque vaginal. Quando são muito evidentes, podem significar que não há espaço suficiente para a passagem da cabeça do neném.
  • Avaliação da conjugata diaginalis: tenta-se alcançar o sacro (parte mais inferior da coluna vertebral) no fundo da vagina. Se ele é facilmente alcançável, também pode significar uma bacia estreita.
  • Palpação do diâmetro bituberoso: na posição ginecológica, com as pernas hiperfletidas sobre a bacia, palpa-se uma protuberância (tuberosidade isquiática) dos lados externos da vagina, que deve distar entre si mais que 9,5cm.

Avaliação do colo uterino:

Para fazer o acompanhamento do trabalho de parto, é essencial o avaliar a evolução da dilatação do colo uterino. Para examinar o colo, o obstetra introduz os dois dedos dentro dessa dilatação, e o quanto ele conseguir abrir os dedos dentro desse colo, corresponde a quanto tem de dilatação. Por isso que essa parte incomoda tanto, mas por mais incômoda que seja, não há outro jeito de avaliar a progressão da dilatação.

Além disso, ao introduzir os dedos no colo, o obstetra sente a cabeça do neném, também verificando se ela está descendo pela vagina com o progredir do trabalho de parto.

Para que haja o parto, deve-se ter uma dilatação total, que é padronizada como 10 cm. Na prática, é quando no toque não dá mais para sentir nada do colo, apenas a cabeça do neném.

Na gravidez, a capacidade de coagulação (formar coágulos, talhar o sangue) aumenta conforme o avançar da gestação. Essa é a forma do corpo da gestante se preparar para hora do parto, para que possa controlar seu sangramento mais rapidamente. Porém, algumas mulheres podem ter uma facilidade natural de formar trombos (que são os coágulos dentro da veia), e acabar tendo quadro de trombose (formação de coágulo dentro da veia) durante a gravidez.

Quais são os sintomas da trombose?

A intensidade dos sintomas é muito variável, mas eles se apresentam com: dor persistente (que não melhora) na perna, que piora ao tentar alongar o músculo, acompanhada de inchaço; a batata da perna fica bem dura e quente.

Quem são as pacientes de maior risco?

  • Quadro de trombose anterior;
  • Familiar que teve trombose;
  • Portadoras de pressão alta, diabetes, obesidade, colesterol alto;
  • Mulheres que tiveram abortos consecutivos, principalmente os que acontecem a partir do segundo trimestre de gravidez;
  • Imobilização (ficar restrita à cama) prolongada, principalmente após cirurgias;
  • Varizes extensas (grandes, volumosas);
  • Paralisia.

O que fazer se for confirmada a trombose?

Avisar imediatamente seu obstetra, e procurar um pronto-socorro para começar o tratamento. A trombose é muito perigosa para mãe e para o neném, e se não for tratada e acompanhada adequadamente, pode ter resultados muito trágicos.

A partir do momento que a mulher teve um quadro de trombose, seu obstetra deve saber desse quadro toda vez que ela engravidar. Quem fez esse trombo uma vez terá facilidade de repeti-lo sempre, e a gravidez é um momento que esse risco está aumentado.

Quais as principais complicações se ela não for tratada adequadamente?

  • Embolia pulmonar: o trombo pode se soltar e ir até o pulmão, causando falta de ar e dor para respirar. A gravidade do quadro depende do tamanho do trombo, variando desde assintomático até insuficiência respiratória aguda.
  • Trombose na placenta: é a formação de trombos na placenta, que pode evoluir com insuficiência placentária (a placenta não consegue mais levar oxigênio e nutrientes para o neném). A gravidade também é extremamente variável, e nos quadros mais graves podendo levar até a morte desse neném.

Dra Paula

Olá, sejam bem-vindas ao meu blog!

Antes de mais nada gostaria de me apresentar: sou médica formada pela USP, fiz residência em ginecologia e obstetrícia no Hospital das Clínicas da USP e fiz pós-graduação em Medicina do Esporte na Escola Paulista de Medicina (Cefit). Trabalhei no Hospital das Clínicas como médica responsável pelo ambulatório de Ginecologia do Esporte e na clínica Célula Mater.

Escrevo esse blog pois acredito que a mulher se beneficia muito quando entende seu corpo e o como as doenças atuam nele. Isso contribui com o acompanhamento clínico e o tratamento. A partir do momento que a paciente se torna uma pessoa consciente de seu corpo, ela fica mais ativa junto ao médico na busca pela saúde.
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